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Afinal, o que querem as mulheres? Empurradas pelo fluxo da História, talvez nem elas saibam responder de forma objetiva à pergunta. Mas é melhor que ninguém se engane a respeito do turbilhão contemporâneo que varre a alma das princesas: todas podem afirmar, sem hesitação, que o doce sabor da liberdade é irresistível. Quem duvidar, que triste, está longe do clamor da época – e o melhor que faz é deixar de ir ao teatro, não ir ver E foram, quase, felizes para sempre, ótimo espetáculo de Heloisa Perissé, cartaz do Teatro Vannucci. A montagem, requintada incursão pelo arsenal do cômico, apresenta uma bela radiografia da perplexidade feminina no mundo de hoje, registra sob tons hilários o dilema central da fêmea que passou do mundo dos babados-pó-de-arroz-e-fogão para o universo do laptop-poder-e-rendas. Não deixe de ver, você que acompanha a marcha dos tempos. E prepare-se para entrar em órbita: além de constatar a temperatura atual do mundo, você vai levitar de tanto rir.

 

A trama é simples. Em cena, em uma estonteante veste preta moderna (Rita Murtinho), boa para deslumbrar a platéia, arrasar corações vadios e matar de inveja as mulheres míopes de si, as que não conseguem ter em conta o próprio valor, Heloisa Perissé se apresenta como Letícia Amado, uma agitada escritora de sucesso.

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