Varal de Vidas

 
Ela voltou. E veio turbinada, mais escandalosa do que nunca, cáustica, irreverente, disposta a tudo para zoar a vida medíocre dos seres vazios, os que não conseguem escapar da manada cega, os que não encontram um sentido nobre para nortear a vida.
E ela vai de novo horrorizar os doutos de plantão, os escravos das letras metafísicas mofadas e do palco transcendental. Os defensores dos nobres personagens de extração requintada, fiéis adoradores de uma dramaturgia herdeira dos grandes salões aristotélicos, vão perder a paz, não dormirão mais, tranquilos, em suas poltronas alcatifadas.

 

Senhores, voltou o tempo de rir – e rir muito. A velha comédia de costumes está mais uma vez entre nós, afiada, enfatiotada dentro da roupa justa do nosso tempo. Com uma diferença: não há qualquer cálculo apaziguador agora, não há o aceno a favor de uma diversão gratuita, dispersiva. A cândida sala de visitas de outrora, lugar eleito para a ação das nossas velhas comédias em uma rotina capaz de gerar a designação comédia de sala de visitas, foi banida, virou uma lavanderia. E que lavanderia – na verdade, uma sala de visitas de almas encardidas, impossíveis de lavar.

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