Quando o teatro se torna absoluto
The Old Woman
O mesmo e o infinito: pura poesia. Coisas simples, quase cotidianas, transformadas em arte graças a rápidas pinceladas; coisas de arte, raras criações, transformadas em objetos comuns, graças a leves torções do sentido e flutuações delicadas de sua aparência. Formas rasas, cores simples, linhas diretas, gestos secos, conjugações hábeis de imagens e sons. Em cena, o teatro do nosso tempo em estado bruto, nada de representação, pura apresentação, surpresa sensível, perfeita materialização de um vazio que é humanidade transbordante. Afinal, nunca antes na história do mundo fomos tão humanos: fina ironia, brincadeira, algum deboche. E, no fim, o que se vê é o trabalho da arte, a arte do escritor, o ato de quem materializa percepções da existência a partir de sua mente, sua capacidade de criar. Portanto, uma grande louvação à arte, em especial à arte da cena e do ator. O espetáculo – e este nome banal foi escolhido aqui com muita atenção – é A Velha, assinado por Bob Wilson, artesão do espaço e do tempo. Programa mais do que imperdível: você vai sair do teatro com vontade de dançar e com a leveza de quem contemplou uma obra de arte total, uma visão do absoluto. Não deixe de ver.
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