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Vamos lá: As Mulheres  no Poder

Dia da mulher. O que vem a ser isto? Para alguns, a proposição ainda parece soar um pouco esquisita. Será que existe algum dia que não seja dia da mulher? Pois, se cabe ao sexo frágil garantir a sobrevivência da delicadeza da vida, argumentam, não pode haver um dia sequer que passe que não seja dia da mulher!

Os dias que passam: aí parece começar um problema. São dias rotineiros, contínuos, enfileirados a partir de tradições. A linha temporal se perde no passado remoto e este longo fio exala um cheiro detestável de opressão. Cuidar da sobrevivência da vida pode significar exatamente isto: a mais pura e descarada opressão.

Quer dizer, pode significar cuidar do outro, mas por um preço elevado. Pode significar perder-se de si, abdicar, submeter-se, ofuscar algo de si, renunciar ao protagonismo. A partir deste olhar de reconhecimento, então, tudo pode mudar. E deve mudar. Torna-se fundamental cuidar da inteireza de quem cuida. E, assim, estabelecer um dia da mulher, consequentemente, faz todo o sentido. Cria-se um novo foco. E este foco não é nem o inventário preguiçoso do cotidiano, nem a celebração oca de virtudes inefáveis, mas o reconhecimento do sujeito implicado na situação.

Pronto, aí surge uma bela complicação. Uma constatação inevitável é imediata: um dia é pouco para tanto zelo. A lista dos temas urgentes para debater é quase tão vasta quanto a história da mulher no mundo. Portanto, vale sacudir o calendário: março chegou. É o mês das mulheres. Importa levar as mulheres ao poder e afirmar um mês inteiro para elas.

Sim, já nos acostumamos a ver março como o mês das mulheres. O debate deve ocupar todos os dias, sem tréguas, quer dizer, deve ser um debate imenso. É a hora para dar voz ao segundo sexo, há muito a dizer, há muito para ouvir. Vivemos num mundo de opressão surda ao feminino, a violência contra a mulher acontece por toda a parte em graus assustadores. Não dá, portanto, para perder a deixa.

Se olharmos para a História, vemos claramente como a vida das mulheres mudou rapidamente nos tempos recentes. Antes, logo ali, era difícil escapar do estado permanente de gravidez – ter dez, vinte filhos era comum. No clássico livro O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir observou – as mulheres não menstruavam, viviam grávidas. Portanto, o desafio para ter independência e senhorio de si era enorme, uma fieira de crianças tornava tudo um pouco complicado.

A máquina e a pílula transformaram profundamente a vida das mulheres.  Com a máquina, surgiram muitas funções e postos de trabalho dissociados da força física, com a consequente expansão da oferta de empregos. Para as mulheres, é mais natural usar a inteligência do que o muque. Com a pílula, o controle da natalidade assegurou uma liberdade de vida maior para as mulheres, a mulher se libertartou da obrigação de ser mãe-em-série.

Vivemos, assim, num mundo novo, no qual a opressão da mulher se tornou um detestável resquício inadmissível do passado. Muitas transformações ainda são necessárias para que se faça jus às novas condições sociais. A discussão aponta não só para o combate contra a violência, ela vai adiante, vislumbra a inteligência do futuro, a criação das novas gerações.

Por isto o mês de março se tornou o mês da mulher – ou das mulheres – o debate começa já aí. A agenda de discussões interessa a todos, precisa engajar toda a sociedade, pois o cuidado e a preservação da vida são necessidades de todos. Evidentemente, estamos diante de uma efervescência incontrolável – ela não pode ser paralisada. Vem das ruas e toma todo o edifício humano. Procure ao seu redor, segundo os seus interesses, e logo verá um calendário de atividades para chamar de seu.

Por exemplo – no Rio de Janeiro, três casos merecem destaque. O primeiro vai acontecer exatamente nas ruas, mais exatamente no metrô, sintoniza com as necessidades de segurança, direitos e conforto das mulheres nos transportes públicos. A violência nas conduções figura entre os atos gratuitos de abuso e de humilhação mais detestáveis que uma mulher pode enfrentar no cotidiano.

O problema tem uma dimensão assustadora. Talvez seja impossível encontrar uma mulher que não tenha enfrentado ou não tenha conhecimento de casos de abuso masculino em transportes públicos. Por isto, o Programa Empoderadas, idealizado por Erica Paes, ex-campeã de MMA, iniciou na manhã de hoje na estação Carioca do MetrôRio uma ação de prevenção e combate à violência contra a mulher.

O trabalho vai envolver a atuação de conscientização nos vagões femininos do metrô e a pesquisa de ocorrências, em convênio com o governo do Estado.  A atividade foi organizada em parceria com o núcleo de pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A partir de um questionário, serão identificados os casos de violência e definido o perfil das vítimas.

A participação na pesquisa é opcional, mas a população feminina poderá contar também com informações preciosas. Através da campanha, será possível obter acesso a informações a respeito dos direitos da mulher, aos caminhos de denúncia de  abusos e aos apoios cabíveis para diferentes quadros de opressão.

Nos teatros, também haverá um rol extenso de eventos. Uma festa bem fervilhante acontecerá no Teatro Prudential, na Glória, um burburinho de atividades bom para dimensionar o ímpeto criativo das mulheres hoje por aqui. A lista de atividades vai longe: tem peça de teatro, leitura dramática, shows de música, lançamento de livros… enfim, programa para todos os gostos, com uma política de ingressos bem camarada, vale conferir.

E vale comemorar muito: dentre tantas outras ofertas, chega ao Rio finalmente, no dia 10, o premiado espetáculo As Cangaceiras – Guerreiras do Sertão,  para uma curtíssima temporada no Teatro Riachuelo. A peça é imperdível, por várias razões.

A primeira é a ideia genial de lançar o foco sobre o cangaço – quer dizer, uma forma brasileira histórica de rebelião bem masculina – sob o ponto de vista feminino. Como se não bastasse, o texto leva a assinatura de um dos maiores dramaturgos nacionais da atualidade, Newton Moreno.

Ousado, como se fosse um cangaceiro do palco, Moreno decidiu escrever um musical decididamente musical – quer dizer, uma peça em que as músicas não só integram a ação de forma orgânica, mas foram escritas para participar no desenho da trama.  A forma de versejar e os ritmos, sob a direção musical de Fernanda Maia, são declaradamente nacionais, abrindo-se mais uma frente de debate a respeito da hipótese de uma forma local para o musical.

Mas a coisa não ficou só nisto. A capacidade de invenção voou tão longe que o autor concebeu um bando de cangaceiras, algo que nunca existiu – uma liberdade histórica memorável, para falar das agruras sociais de um país que não se cansa de ser palco para miséria e opressão. Toda esta verve acontece  revestida de um sabor brasileiro intenso – colorido valorizado pelo diretor Sergio Modena.

Quer mais? Basta examinar a ficha técnica para deparar com nomes irresistíveis da cena nacional. Exemplos? Amanda Acosta (Serena) lidera uma luta por valores femininos essenciais, ao se rebelar contra o marido, o líder cangaceiro Taturano, entregue a Marco França. Acaba por iniciar uma luta coletiva, provocar um grito de libertação feminina. Figuras de projeção da cena brasileira, tais como Milton Filho ou Vera Zimmermann, não economizam forças para encantar a plateia.

Em resumo, anote no seu calendário com letras vermelhas – março, mês da mulher. E vá à luta, como se estivesse no cangaço. Busque o melhor para o seu perfil. E não se esqueça: a menção resumida, mês da mulher, contém um sentido enorme, do tamanho da história da vida no mundo.

Quer dizer: para nós, na nossa época, este mês existe para repensarmos a grandeza feminina através do tempo. Portanto, honre a sua existência, não perca o compromisso, se você não deseja viver em profundo descompasso com a sua própria época…

Março com ELAS

Dia 06, às 19h – Baile da Bicalho com Izabella Bicalho e convidados

Dia 07, às 19h – Dramaturgia em Leituras – “O Velório dos Vivos” com Débora Lamm – GRATUITO

Dia 08, às 19h – Roda de conversa + Noite de Autógrafos do livro “Sobre Feminismos” com Andrea Pachá e Vilma Piedade, mediação de Katiucha Watusi GRATUITO

Dia 08, às 20h20 – show Liah Soares

Dia 10, às 20h e 22h – show Elba Ramalho

Dia 11, às 20h – show Jéssica Ellen

Dia 12, às 20h e 22h – show Agnes Nunes

Dia 13, às 20h – show Duda Brack

Dia 14, às 19h – Dramaturgia em Leituras – “O Quarto da Frente” com Dai Bomfim , Analu Prestes e Luli Burdman GRATUITO

Dia 16, às 19h – “Judy: O Arco Íris é Aqui” leitura dramatizada com Luciana Braga GRATUITO

Dia 18, às 20h show Ceiça Moreno, participação Lucy Alves

Dia 19, às 20h show Olivia e Francis Hime

Dia 21, às 19h – Dramaturgia em Leituras – “Os senhores repararam que a viscondesa de Mataburros é uma porca?” – GRATUITO

Dia 28, às 20h – Dramaturgia em Leituras – “A Lenda de Lady Murasaki” – GRATUITO.

Serviço:

Datas: 07, 14, 21 e 28 de março | Segundas feiras, às 19hl
Ingressos: Gratuito – Retirada de ingressos na bilheteria, sujeito à lotação
Local: Teatro Prudential
Endereço: Rua do Russel, 804 – Glória

Juntos contra o Coronavírus:

  •  Uso obrigatório de máscaras em todos os espaços do teatro;
  • Aferição de temperatura na entrada;
  • Dispense de álcool 70% em gel nas áreas comuns;
  • Desinfecção e limpeza de todas as áreas intensificas.

 Protocolo de segurança elaborado pelo Dr. Rodrigo Lins, vice-presidente da sociedade de infectologia do Rio de Janeiro.

As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão

Ficha técnica

Dramaturgia: Newton Moreno

Direção: Sergio Módena

Uma produção original do Sesi-SP, encenado em 2019, no Teatro do Sesi-SP, Centro Cultural Fiesp.

Co-produção: Calla Produções Artísticas.

Realização: Velloni Produções Artísticas.

Promoção: Nova Brasil FM.

Elenco: Amanda Acosta, Marco França, Vera Zimmermann, Luciana Ramanzini, Luciana Lyra, Rebeca Jamir, Jessé Scarpellini, Marcello Boffat, Milton Filho, Pedro Arrais, Carol Costa, Nábia Villela, Carol Bezerra e Eduardo Leão.

Músicos: Pedro Macedo (contrabaixo), Clara Bastos (contrabaixo), Daniel Warschauer (acordeon), Dicinho Areias (acordeon), Carlos Augusto (violão), Abner Paul (bateria), Pedro Henning (bateria), Felipe Parisi

(violoncelo), Samuel Lopes (violoncelo)

Produção: Rodrigo Velloni

Direção Musical: Fernanda Maia

Canções Originais: Fernanda Maia e Newton Moreno

Coreografia: Erica Rodrigues

Figurino: Fabio Namatame

Cenário: Marcio Medina

Iluminação: Domingos Quintiliano

Assistente de Dramaturgia: Almir Martines

Diretor Assistente: Lurryan Nascimento

Pianista Ensaiador e Assistente de Direção Musical: Rafa Miranda

Designer Gráfico e Ilustrações: Ricardo Cammarota

Fotografia: Priscila Prade

Produção Executiva: Swan Prado

Assistente de Produção: Adriana Souza e Bruno Gonçalves

Gestão Financeira: Vanessa Velloni

Administração: Velloni Produções Artísticas

Apresenta: Atlas Schindler. Patrocínio: Magnus e Lukscolor. Apoio: Autoluks, Arte e Atitude, Tuca, PUC, Competition e EPA química.

Serviço

Local: Teatro Riachuelo

Endereço: Rua do Passeio, 38/40 – Centro

Temporada: de 10 a 20 de março de 2022.

Horários: quinta, sexta e sábado às 20h00, domingo às 19h00

Ingressos: de R$ 25,00 a R$ 120,00

Telefone Bilheteria: (21) 99566-7469

Duração: 120 minutos

Classificação: 12 anos

Capacidade: 999 lugares

Assessoria de imprensa: Barata Produções