No país da cultura-lixo
“Muita gente acha que lixo é algo imprestável, podre, acabado – não serve para nada, pura tranqueira. Aliás, muitas destas pessoas que pensam assim, não pensam sequer um minuto no problema que arranjam, para a Terra e para a sociedade, quando produzem o seu lixo-tranqueira cotidiano. São pessoas que nunca se perguntaram para onde vai o seu lixo. Este é o lixo visto como infernal, maldito. O tema é vasto.
Para começar a questionar esta visão do mundo, é recomendável ver a peça Kondima – sobre Travessias, novo cartaz do Arena SESC Copacabana, trabalho impecável da Troupp Pas D’Argent. Lá pelas tantas, a inefável atriz Ruth Mariana surpreende a plateia com o seu depoimento contundente de refugiada: sobreviveu no Brasil muito tempo graças ao lixo brasileiro, ao seu ver um lixo ótimo. Este é o lixo celestial, abençoado.