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A explosão teatral do mundo

 
Prenda a respiração e segure a sua alma, para evitar que ela fuja do seu corpo: uma explosão teatral vai varrer a sua sensibilidade. Não, não é um atentado ou um homem bomba. O seu nome é Letícia Isnard, atriz arrebatadora, senhora de uma gama surpreendente de meios expressivos, da emoção mais profunda à racionalidade mais rasa do cotidiano. Ela está de volta ao teatro, depois da maternidade, para a felicidade de todos nós, apaixonados pelo palco. E retornou ainda mais intensa, pura fonte de sentir, prisma humano cristalino diante do drama existencial do nosso tempo. A peça é Marco Zero, de Neil Labute, cartaz da Caixa Cultural. Vale a pena ver n vezes, em estado de hipnose, como todos nós estivemos paralisados, olhos pregados na tela da TV, diante da derrubada das Torres Gêmeas.

 

A montagem, direção perspicaz do dilacerante Ivan Sugahara, é um veículo perfeito para a expressão a um só tempo corajosa e arrebatadora da atriz. Ao seu lado, também de volta ao palco, Tárik Puggina, um parceiro leal e dedicado, ilustra uma outra atitude humana corrente na vida, a submissão traiçoeira e o apagamento. A dualidade, no caso, é referência fundamental, o tema estrutura o texto. E, para a sua percepção, o desempenho dos dois atores é precioso, ainda que a contundência de Letícia Isnard repercuta bem mais fundo.

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