Carnaval de cinzas, teatro de fogo

“Acabou o nosso carnaval. O verbo, hoje, é uma ciranda de significados dolorosos. O mais leve é aquele antigo, do é hoje só, amanhã não tem mais… E os outros traduzem uma constatação de arrasar: a falência do Rio de Janeiro. Não dá para ficar calado, deixar de botar o bloco na rua ou a boca no trombone.

 

Por quê o drama? Por uma razão simples – acabar com o carnaval representa a suprema estupidez de acabar com a cidade maravilhosa. Para o Rio continuar lindo, isto é, continuar vivo, não virar uma aldeia fantasma, o carnaval é essencial, é oxigênio, pois a única esfuziante fonte de riqueza que restou para a cidade é o turismo. Precisamos deixar de ser estúpidos e encarar a realidade de frente. Portanto, o novo lema é: ei, você aí, me dá um pandeiro aí.

 

Para quem é carioca de verdade, da gema ou de coração, e acompanha com atenção a história da cidade, não há nenhuma dúvida a respeito do carnaval como peça de ouro do calendário urbano. Cidade metropolitana à beira mar, entrecortada por exuberante floresta, o Rio cintila no verão e, ao fim do calorão, consagra a vida numa festa pagã boa para todo o mundo dançar e cantar na rua.

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