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O poder cultural do fogo

“Existem incêndios possíveis e incêndios impossíveis. Os primeiros, apesar de ruinosos, são explicáveis pela razão. Os segundos, mais devastadores, são aqueles diante dos quais o principio soberano da inteligência, sempre reinante, não consegue se afirmar. Diante do fogo impossível, permanecemos perplexos, congelados no ar, em suspenso, como gárgulas humanas.

 

Ainda assim, sempre vale tentar fazer valer a maior lei humana, a do pensamento. São muitas as lições do fogo: entre a ameaça, o perigo e a destruição, paira a ideia de renovação. Das cinzas, nasce o novo. A confirmação e a renovação se impõem. Ou não – com frequência, das cinzas não nasce nada, a não ser noções abstratas de que tudo deveria ter sido diferente. São os incêndios possíveis, aos quais a mente se dedica com muito êxito, mas nem sempre com resultado positivo, pois os incêndios possíveis possuem o dom de se repetir. Diante dos impossíveis, mesmo que haja a ressureição, a mente permanece no ar, atônita.

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