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O teatro, o ser e o mundo

Às vezes o teatro nos explode, numa féerie de incertezas, como se fosse uma bomba atônita. Em estilhaços, tocamos o absoluto. É raro, mas acontece. Um exemplo? Corra para ver As Crianças, de Lucy Kirkwood, novo cartaz do Teatro Poeira. Você vai ver, em suspenso no ar, o mais arrebatador drama doméstico da sua vida.

 

Não, não se trata de passatempo vulgar, novelesco, descartável. O doméstico aqui significa algo humano maior, a nossa imensa irmandade, pois habitamos todos a mesma casa, a Terra. E drama, aqui, tem quase um alcance trágico, por causa da nossa cegueira, da nossa impossibilidade de entender o quê, afinal, nós somos.

 

Não se assuste: não há lição de moral, fala de professor, intelectualismo ou hermetismo. E esta condição é que torna o espetáculo absoluto. É tudo teatro, apenas teatro. A equipe construiu uma cena teatral no sentido pleno, total, uma cena de completa sedução, um lugar em que você viverá um banho de poesia, como se nas suas veias circulasse apenas arte e fosse possível, num átimo, mudar o seu olhar para o mundo.

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