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                  E o seu amor, ata ou desata?

A pergunta é velha como as pedras do Epidauro: você acredita no amor? Seja qual for a sua resposta, você consegue definir, assim de estalo, este sentimento? A seu ver, o amor é envolvimento repentino, involuntário, um convite ao baile? Ou nada disto? Se é transporte para fora de si, trata-se de um passeio alado ou pedestre?

Para alguns, o amor é sonho, viagem para o infinito, libertação. Neste caso, claro, o ser amado precisa “ter asas” – daí a noção, digamos, arrebatadora, de príncipe encantado. Ou de princesa encantada, pois, além do clássico príncipe derretido pela camponesa, são muitas as histórias de amor envolvendo um outro par romântico sedutor: a princesa e o plebeu.

Para outros, no entanto, o amor é chão, vida que corre, humores capazes de, no máximo, ir até a esquina. Ou menos, o amor seria apenas colchão, simples enrosco físico. Uma parcela deste time não se  limita à defesa da materialidade total dos negócios do coração, é uma gente que vai mais longe, dedica-se ao combate ferrenho contra o amor romântico.

No caso – apesar dos grandes amores delirantes, descabelados e irresistíveis existirem em prosa e verso desde, quem sabe, a dedicada Penélope – os fervorosos desamantes sustentam que o amor romântico é uma invenção burguesa. Teria surgido, inventado na ordem burguesa, como intenção materialista maquiavélica, pois o objetivo seria a preservação dos bens e, consequentemente, até mesmo a submissão radical das mulheres. Não adianta argumentar com as tantas formas de amor em contradição com o raciocínio, a turma é convicta. Não ama boas argumentações.

De qualquer forma, o assunto é extenso. E nada amoroso: enveredar por sua análise pode gerar muitas brigas, mais raivosas do que brigas de marido e mulher em final de casamento. Então, polêmicas à parte, seria bastante agradável, para examinar com detalhes o objeto ardente, ter opções de estudo bem intensas. Por exemplo: acompanhar, num teatro, uma trajetória do tema através dos tempos, uma espécie de História do Amor nos Palcos de Todas as Eras. Matéria para tanto não faltaria. Ao contrário, até.

Puro sonho, não? Mas amor é sonho e não custaria nada embarcar na aventura delirante, da Grécia aos nossos dias. Consegue imaginar a lista de cartazes…? O problema é a grandeza da oferta,  considerando-se as múltiplas formas de amor que precisam ser contempladas, para bem ilustrar os anseios da sociedade atual.

Infelizmente este teatro, refém dos sonhos e desejos de cada um, ainda não existe. Resta, para os interessados em tais amores, a opção clássica diante dos vazios afetivos: olhar ao redor. Enquanto ele não vem, não é necessário desistir do amor teatral, ele está em cena por aí, bem disperso, como um bom amante contemporâneo. Sim, tem peça de amor por todos os lados! Vale conferir, de saída duas estreias imponentes na semana.

A primeira delas, traz uma história de fadas que arrebata os corações faz tempo e retorna ao cartaz no Rio numa versão que já encantou uma multidão de 250 mil pessoas. Sim, é um caso de amor coletivo. A remontagem vem de São Paulo e promete tudo o que um coração romântico pode cogitar sonhar.

Afinal, o elenco é de tirar o fôlego – integram a ficha técnica grandes estrelas do musical. Não dá para deixar de embarcar no redemoinho de emoções. Adivinhou? Pois é, o verão pode andar ameno, mas as almas ficarão aquecidas com  o retorno de Cinderella, o Musical, de Rodgers & Hammerstein.

Portanto, quem vibra com histórias românticas bem contadas, pode se entregar ao delírio. E os amantes do gênero musical, basta olhar a ficha técnica para disparar o coração. A direção original e a versão brasileira contam com a assinatura da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, a remontagem é de  Vanessa Costa.

O novo elenco é liderado por Fabi Bang e André Loddi, excelentes nomes para brilhar no par romântico. Para completar o baile de amor, as almas incautas serão arrasadas com a potência absoluta de Gottsha, na Madrasta, e o encanto mágico de Helga Nemetick, encarregada da Fada  Madrinha. O magnetismo da cena alcança uma voltagem elevadíssima – ao lado da trama antiga que integra a alma coletiva de todos no ocidente, há a maestria dos criadores do musical da Broadway e a excelência da produção brasileira. No fundo, é para amar e amar, não há saída.

Bom, talvez tanta tradição contrarie o seu jeito de ser, não afine com o seu topete rebelde. Então, se os seus sentimentos são revolucionários, clamam por tons com sintonia absoluta com a marcha atual da vida, há um outro programa capaz de celebrar a sua inquietude. Estreia agora, no dia 13 de janeiro, uma comédia perfeita para os que desejam sacudir os desenhos dos afetos, atentos às reviravoltas sentimentais do mundo: Gays, modos de amar, de Flavio Braga.

O tema é o amor no universo gay, exatamente aquilo que outrora integrava um modo de vida velado, proibido e reprimido. Sob a direção de Glaucia Rodrigues, experiente atriz e diretora da Cia Limite 151, a peça traz Rafael Canedo, ator de fortes recursos histriônicos, no papel de Dario.

A linha central do texto é o relato, em tom confessional, da história de vida do personagem, segundo o autor um apanhado de histórias várias, relatos de amigos e conhecidos, revisados. O monólogo, em fala direta para a plateia, abrange a revelação de múltiplas vivências, tanto a descoberta da condição gay, como  as experiências do amor, do preconceito, da promiscuidade e da solidão.

A proposta amplia o sentido da definição do amor em direção ao absoluto, iniciativa mais do que louvável no Brasil atual. O país vive um momento de mergulho lamentável em visões estreitas dos sentimentos dos seres humanos, sob uma dimensão retrógada espantosa, em choque com o século.

Portanto, exatamente por isto, parece bem adequado ao clima destes tempos amar muito. E sonhar com histórias de amor, sem perder o contato com a concretude da vida, sem desconectar das reviravoltas da história. Em consequência, além de situar as condições de amor e de vida do presente, podemos chegar, por exemplo, a ações surpreendentes, dignas da nossa época, tipo pensar o amor com irreverência, questionando suas conexões. Afinal, pensar o amor já é em si um paradoxo.

Onde se pode chegar com tudo isto? Pensar acidamente o maior romance de todos os tempos, Romeu e Julieta? A proposta afirmativa é de Gustavo Pinheiro, autor do texto que retorna aos palcos cariocas, com a verve cômica luminosa de Julia Rabello: corra para ver Romeu & Julieta (e Rosalina), em cartaz no Teatro das Artes.

Neste caso, há um casamento perfeito na cena, com a direção sempre requintada de Fernando Philbert. A montagem equivale a uma festa de arromba, para Capuleto nenhum botar defeito, e para satisfazer o desejo secreto do público de esmiuçar os descaminhos do maior amor de todos os tempos.

O que está em jogo? Apenas a constatação irreverente de que o coração de Romeu, quando por acaso deparou com a bela Julieta, palpitava ardorosamente por Rosalina – que, injustiçada, nem chega a aparecer na cena. O jovem casal, arrastado por um clima de transgressão (era um amor proibido) e peste (ela varria a Itália na época), não teve tempo para pensar. E nem para amar, dizem alguns céticos, pois a aventura não chegou a durar uma semana!

Uma guirlanda acelerada de mal entendidos soterrou tudo e selou a vida dos dois. Será que era amor mesmo? Muita gente até já se perguntou se o famoso encontro da dupla foi amor de verdade ou apenas pretexto para desfazer o ódio das duas famílias. Será que o amor romântico atribuído pelas massas ao casal era exatamente aquilo que Shakespeare professava?

Se você é romântico, vale ir ao teatro avaliar os cartazes – é uma oportunidade para conferir o alfabeto do seu coração. Se, ao contrário, você se arrepia só de pensar em ouvir falar em romance, vale ir também, para atestar a fortaleza e o tamanho das suas convicções. Afinal, não adianta tentar fugir, uma coisa é certa: acreditando ou não, querendo ou não, do amor ninguém da espécie humana escapa… Se não for um amor infinito, alado, arrebatador, pode ser um amor miudinho, rasteiro, talvez infinito enquanto dure, como bem definiu aquele outro poeta…

‘Cinderella, o musical da Broadway’

Serviço

Local: Teatro Multiplan – Shopping Village Mall – Av. Das Américas, 3900 – Piso SS1

Estreia: 13 de janeiro

Horários:

    JANEIRO:
Quintas:  19h 

Sextas:  14h e 19h 
Domingos: 15h e 21h 

  • Em Janeiro, sessões em apenas um sábado: (15/01): às 11h e 16h

   FEVEREIRO:

Quintas 14h e 19h 

Sextas: 14h e 19h 

Sábados: 11h e 16h 

Domingos: 15h e 21h 

Preços:

Plateia Vip:  R$ 340,00/R$ 170,00

Plateia:  R$ 300,00/R$ 150,00

Plateia Superior: R$ 240,00/R$ 120,00

Camarotes: R$ 200,00/R$ 100,00

10% de cada setor preço popular R$ 50,00/R$ 25,00

Vendas:

https://bileto.sympla.com.br/event/70570

Classificação etária: Livre

Duração: 150 min (com 15 minutos de intervalo)

Capacidade: 959 lugares

Apresentação: Banco RCI Brasil

Patrocínio Master: Teatro Multiplan

Patrocínio: Eurofarma

Apoio: Giovanna Baby, Sérgio Franco e CDPI

Produção: Touché Entretenimento

Assessoria de Imprensa: Xavante Comunicação

Gays, modos de amar

Serviço:

ESTREIA: 13 de janeiro (5ªf), às 21h

ONDE: Teatro das Artes – Shopping da Gávea / RJ

Rua Marquês de São Vicente, 2º Piso – Loja 264 – Gávea, RJ    Tel:(21) 2540-6004

HORÁRIOS: 5ª e 6ª às 21h / DURAÇÃO: 40 min / INGRESSOS: R$80 e R$40 (meia) / GÊNERO: comédia / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos / TEMPORADA: até 18 de fevereiro

Romeu & Julieta (e Rosalina)

Serviço:

Local: Teatro das Artes

Temporada: 08/01 a 31/01

Endereço: Shopping da Gávea – Rua Marquês de São Vicente, Nº 52 – Gávea.

Sessões: Sábados às 21h e domingos, às 20h

Entrada: R$ 80 (inteira); R$ 40 (meia)

Bilheteria: Divertix  

Gênero: comedia  Classificação: 14 anos  

Duração: 60 minutos

Foto: Divulgação/ Pino Gomes

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