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Martins Pena: palhaços históricos

 
Você já viu a certidão de nascimento do brasileiro? Não? Está lá no teatro. O assunto não é fácil: é para rir muito, mas há um pendor coletivo forte para a mentira, a falsidade, o desejo descarado de enganar o próximo. E dói. Portanto, um riso rascante e doloroso. Não, não é a república das mentiras eleitoreiras, pedaladas e roubalheiras estrondosas, é apenas a sociedade brasileira do século XIX, na hora em que ela nascia. Somos palhaços históricos.

 

A montagem de O Pena Carioca, cartaz do Teatro Leblon, povoada por uma multidão de figuras assombrando a cena, parece proclamar: somos todos século XIX! De lá, não passamos. Mas, sob a aparência amarga, cortante, acredite, dá para ativar o pensamento livre, graças a uma comédia irresistível, brilhante, do texto à encenação.

 

Também não poderia ser diferente, quem está no palco é a esfuziante Companhia Atores de Laura. Não deixe de ver: se você perder, vai ser uma lacuna grave na sua vida de brasileiro. Afinal, não fica bem desconhecer a própria certidão de nascimento, documento nobre, em especial para nós, adeptos de uma vida de aparências e falsa ostentação, aliás, formas deliberadas de enganar o próximo.

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